Pesca e considerações

Viva, 

Das últimas saídas, uma com uma captura a outra sem um único toque. O primeiro dia ainda deixou um sabor amargo na jornada. Um bom robalo ferrado pelo meu companheiro que nem cheguei a ver e que acabou por partir o multi quando andava à procura da linha para tentar cobrá-lo. Calhou-me depois um bonito robalo de 46cm que foi fotografado e libertado.
>>Shimano Dialuna + Penn Slammer + JBraid Grand 0,18 + Berkley Trilene 0,38mm<< 

Video da libertação


 
Muitas vezes perguntam se pesca é desporto. "Porque a pesca não cansa", "Na pesca passam o tempo a olhar para o ar" e outras pérolas afins.
Momento de descanso
Para a nova temporada que se avizinha decidi testar um novo multi, Daiwa J Braid x8 Grand.
Em termos de suavidade e resistência à abrasão tudo ok. Depois de ter carregado o Abu Garcia com uma bobine de 0,16mm (foto abaixo) que me deram, comprei uma de 0.18mm de 135m da cor Yellow para trocar o Spiderwire Smooth8 0,12mm que estava a utilizar no Penn Slammer.
Do cinzento (cor Gray) nada a apontar. Do amarelo (yellow) não fiquei convencido. Com apenas 2 pescas perdeu imensa cor além de que das 2x fiquei com a mão direita com tinta que só pode ter "saltado" durante as recolhas.
>> Penn Slammer acabado de bobinar com o Daiwa JBraid x8 Yellow 0,18mm<<


>> Com apenas 2 pescas o amarelo vivo passou a um amarelo "esbranquiçado"<<



Como também não o vou desperdiçar, e enquanto mantiver a suavidade e a resistência, vai continuar no Slammer. 

Outra das decisões para este ano está relacionada com as medidas de retenção. Se até aqui apenas impunha (a mim próprio) uma medida minima de 50cm para levar um robalo para casa, neste momento seguirei o intervalo de rentenção de 50 a 60cm.

Um robalo nesse intervalo dá perfeitamente para uma refeição a 3 em casa. Outro dos motivos é o impacto, fora dessas medidas, na reprodução.


De acordo com vários estudos que li, um robalo efetuará a primeira desova quando atinge cerca de 40/42cm (esta é uma das causas porque não concordo que a medida minima legal em Portugal seja de 36cm) quando atingem a maturidade sexual (no caso das fêmeas entre os 3-6 anos).

Basta analisar a imagem acima para perceber o impacto que cada um de nós tem nos números globais.

Com base na imagem, e se partirmos do principio que um robalo de 80cm gera 3.3 milhões de pequenas larvas, que um dia se poderão tornar neste peixe que tanto gostamos de pescar já nos faz pensar.

Como em tudo na vida analisemos as percentagens apenas a 1%. Se desses 3.3 milhões de larvas apenas 1% sobreviver até chegar a uma fase de maturidade sexual ( 3 a 6 anos no casos das fêmeas) estamos a falar de 33000 (sim, trinta e três mil novos robalos capazes de se reproduzirem). Se esses 33mil efetuarem a primeira desova a 230mil ovos cada (dados da imagem acima) estamos a falar de 7590000000 ( abreviado em 7,6 mil milhões de novos ovos). Agora imaginem, novamente, aquele 1% de 7,6 mil milhões que sobrevive. 

Utilizando a famosa frase de António Guterres, "é fazer as contas!".

Atenção que não sou mais papista que o papa, mas a mentalidade e forma como vejo a pesca tem-se modificado ao longo dos anos.

Há muitos anos que grande parte do que apanho é libertado, que não retenho numa jornada mais do 2 ou 3 peixes (se fosse um grande por norma vinha sozinho para casa). São formas de ver a pesca e cada um com a sua.

Se muitos se regozijam com N peixes capturados e retidos independentemente das medidas, eu prefiro registar a captura numa fotografia e libertar o que entendo como passivel de ser devolvido em condições que sobreviva. Gosto da ideia que um dia mais tarde possa voltar a apanhar o mesmo peixe, apesar de não ter como identificar uma anterior libertação, da mesmo forma que me faz sentir bem que no futuro possam existir mais peixes devido às libertações que fiz nos sitios onde pesco (ainda que o peixe se desloque para outras zonas, corram o risco de ser apanhados nos milhares de redes legais/ilegais, etc...). Gosto deste sentimento de sustentabilidade da pesca que faço. 


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